13.9.12

Cotidiano



Hoje tive uma manhã cheia:  criança com Transtorno Desafiador dando "baile". Literalmente subindo pelas paredes.
Tem soleira larga nos vitrôs da sala, onde esta criança passou a subir e pular, abrir e fechar. Fazer e soltar aviãozinho.
Do nada, expelia gritos estridentes, atormentava os colegas com palavras de baixo calão, dizia que mataria enforcado.
Me xingou de palavrões, e zanzava o tempo todo. Trocava os pertences dos colegas de lugar. Tive que "toreá-la" o tempo todo, a ainda lecionar aos outros 27;  a classe ficou estressada.
Mordeu uma colega, bateu no outro, amassou o caderno da terceira, rasgou sua atividade de casa.
Ela faz coisas assim todo dia, contudo hoje foi atípico, tudo ao mesmo tempo (tipo pagamento à vista). 
Administro Ritalina 10 mg `as 8 h, todavia não faz o menor efeito. A dose não pode ser aumentada, pois  está tão miudinha, magrinha, embora se alimente bem no recreio.
Ontem, a Diretora chamou a genitora para que esta comunique o médico (e mude a medicação). A mesma mudou-se para um bairro distante e não aceita transferi-lo. Então que melhore o tratamento, em prol dos outros alunos.
Conclusão: ela (a mãe) se aborreceu e foi às instâncias superiores.  Eis o motivo do agito da criança (poder). 
Passei metade do tempo em meu outro trabalho pesquisando fármacos. Há opções, porém os efeitos colaterais existem. O que também existe em 75% dos casos, é o risco de evoluir para Transtorno de Conduta.
É apavorante pensar que algum de meus miúdos um dia possa estar nas páginas policiais. Antes da saída, abaixei-me e lhe disse pela milésima vez o quanto gosto dela, e o quanto detesto aqueles comportamentos. 
Já tive casos em que a evolução foi ruim, inclusive o próprio pai desta criança, que eu atendia no Conselho Tutelar. A dias, esta criança estava querendo atenção, colo. Ao questionar porque estava amuadinha, disse que "os homens" levaram seu pai  só por ele estar entre os "nóias".
Não pude dar atenção suficiente aos outros, e amanhã terei que dar consequências a esta criança.
Porém é assim mesmo: tudo que fica fácil demais não nos presta; vivemos desafios diários!
Quer esporte radical? Quer adrenalina? Mas também quer melhorar o Brasil? Seja um professor...

Fonte da imagem: esta

2 comentários:

  1. Eh muita adrenalina mesmo. Minha mãe era professora, um dia estava doente e eu fui no lugar dela, quase enlouqueco, a turma toda ficou de castigo depois do horario, mas pensa que ligaram... nada, ficaram rindo do supervisor, e olhe que ele era conhecido por ser temido.
    Paciência, eh o que se pode ter.

    Beijo

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  2. Oi Luciana! Grata pela visita!
    Só mesmo sentindo a doideira na pele...
    É criança demais para um único adulto.
    Paciência é mesmo a palavra-chave, e vamos seguindo.
    Um abraço,
    Cri.

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