27.6.13

Amoras

Minha infância foi recheada por estas quatro espécies de amora.
Esta primeira, solta estes cachos a partir de um arbusto em forma de touceira com espinhos, que adora estar à beira de barrancos.
Há uma touceira destas, à borda do caminho que me leva ao sítio. Sempre verifico se há frutos maduros. Não é tão abundante nesta região.
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Esta amora, denominada taiuva, é de uma árvore frondosa e leitosa, também espinhosa. Ao frutificar, deixa o chão forrado delas. Os pássaros fazem a festa.
Existe à beira de pequenas capoeiras. É a que menos gosto, acho enjoativa, pelo leite que contém e pelo sabor doce demais.
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Esta terceira, é a favorita do bicho da seda (a folha). Se cair na roupa, mancha como tinta. Deliciosíssima, a árvore é de médio porte, com galhos finos e longos, que se curvam na hora da colheita. 
Era a única amoreira não nativa, lá no sítio do vovô.
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A última sempre foi a mais abundante e minha preferida. Muito parecida ao moranguinho, só que oca.  Havia um amoral delas lá no pastão.
O pé é mais alto que o morangueiro, mede cerca de 70 centímetros, frutifica o ano todo e fica cheia de mamangavas a polinizá-la.
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24.6.13

Eucalipto


Imagem: http://www.milkpoint.com.br/mypoint/agripoint/f_plantacao_de_eucalipto
Esta monocultura tem feito estragos em minha região. Há manifestações isoladas em prol de maior rigor legislativo na ampliação das lavouras.
Sem contar o estrago causado nas estradas e o risco de acidentes, com caminhões superlotados, a vida animal  e vegetal tem sofrido horrores.
Nem ninho de passarinho existe em meio à escuridão clonada de um "calipiá", forma um paredão pior que deserto verde.
O maciço alcalino de Poços de Caldas é um ecossistema ímpar, agora dominado pela cultura do eucalipto. Ali cabia uma reserva ecológica com urgência.
Os  barrancos da região, variam de coloração, indo do negro absoluto aos tons azulados, rosáceos, ocres, atingindo o branco!
Aquela região naturalmente radioativa, repleta de minérios nobres, era também a casa de tantos animais e plantas silvestres.
As consequências, rapidamente se voltam contra o próprio homem: duas crianças foram mortas no entorno, pela suçuarana.
A última garotinha, aguardava a perua escolar na estrada da fazenda onde a família é colona, foi atacada e arrastada para o matagal.
A onça parda arrancou e comeu suas entranhas, pois sabe que estragam antes. Tampou bem o corpo com folhas para comê-lo nas próximas refeições.
Horrorizada ao encontrá-la, a comunidade da fazenda armou uma tocaia e agindo inadvertidamente, matou o leão baio (sabendo que ele procuraria a caça), sofrendo as consequências legais (o atirador foi preso).
A alguns dias, num sítio próximo ao Mamonal, do irmão de minha tia, amanheceu uma devastação no curral de ovinos: nove carneiros mortos, sendo dois arrastados para o mato, e não encontrado nenhum vestígio.
Os outros sete foram abandonados. Provavelmente se tratava de uma mãe ensinando os filhotes a caçar.
Imagem: http://www.jureia.com.br/mostramateria.asp?idmateria=266

Fonte da imagem: https://www.google.com.br
O maciço alcalino é este "vulcão" à esquerda, na imagem de satélite. A cidade de Poços de Caldas fica dentro da "cratera", ao norte. O "Pico do Gavião", famoso local de voo livre, fica na borda sul. Impressionante!

Adoção

Imagem: http://blog.voluntariosonline.org.br/transtorno-desafiador-opositivo/
Sábado levei para dormir no sítio, a filha de minha prima, com 23 anos de idade. A última vez que a havia levado foi a mais de um ano...
Ela foi adotada aos seis dias de idade, após a minha prima ter abortado espontaneamente, por três vezes em menos de dois anos.
Um dos ginecologistas a orientou a adotar, sob pena de ter um bebê com deformidades, pois os abortamentos apresentavam problemas do gênero.
A garotinha, aos poucos foi apresentando comportamentos atípicos: muitos profissionais e diagnósticos depois, constataram deficiência intelectual.
Até aí, tudo esclarecido. No tumulto, minha prima engravidou, e quando a menina tinha dois anos, já havia um molequinho belo e saudável complementando a família; nada de deformidade. 
A comorbidade que a garota apresentava, até hoje não foi oficialmente diagnosticada, mas tudo indica TDO.
Sim, além da deficiência intelectual, há comorbidade!
O Transtorno Desafiador Opositor implica esforço redobrado por parte dos familiares, em lidar com a criança "difícil", considerada por alguns, com "má índole".
É um transtorno comportamental que se refere a desobediência, enfrentamento, agressividade, não aceitação de regras, tentativa proposital em irritar, sentimento de raiva, dificuldade em manter amizades, dentre outros.
Isto aliado à deficiência intelectual, a torna um desafio: ela diz frases repetitivas, em tom muito alto, teima nos mesmos assuntos, tem compulsão alimentar (consequentemente é obesa).
Após se ambientar, passa a fazer birras por motivos fúteis. Foi o que aconteceu ontem, em meio a 25 pessoas (familiares).
Sabendo que parte do grupo ficaria no sítio mais um dia, não aceitou voltar comigo, todavia não tinha lugar para ela nos veículos que voltam hoje.
Após estressar os parentes, aceitou voltar com minha outra prima, que viria bem à noite, e mesmo estando sob minha responsabilidade, tive que deixá-la mais um pouco, cedi para não enfartar.
Onde quero chegar?
A adoção é um direito da família que pretende constituir mais membros, e sobretudo um direito da criança à uma segunda chance.
Há nesta teia, um terceiro direito: o direito à verdade. É fundamental que a família saiba de antemão de todas as probabilidades e se disponha a enfrentá-las.
Então você retruca:  qualquer mulher pode ter um filho especial. 
Nestes mais de vinte anos de experiência com crianças, já fui inclusive, Conselheira Tutelar. O que ouvi de um juiz da infância e juventude me deixou reflexiva.
Ele disse que os perfis das mães que entregam os filhos em adoção são basicamente dois (salvo exceções).
São mães com deficiência intelectual e/ou dependentes químicas (lembrando que há exceções).
Minha prima descobriu a algum tempo, a mãe biológica de sua filha (cidade pequena): É deficiente intelectual, com outros filhos especiais. 
Sabemos que as chances de uma mulher deficiente intelectual gerar filhos especiais é infinitamente maior. Sabemos também que o uso de substâncias químicas na gravidez causa problemas ao bebê, em maior ou menor graus. 
Munida eticamente destas informações relevantes, a família se organizará para receber o bebê, que poderá ou não, apresentar algo mais.
A alguns anos, uma família foi induzida estimulada por profissionais, a requerer a guardar de três irmãos que estudavam em minha escola: menina, garoto, menina (de seis a onze anos).
As duas meninas apresentavam TDO (sem diagnóstico fechado), e esta informação importantíssima foi omitida ao casal. Após alguns meses de muitíssimo trauma, foram devolvidos...
Culpa das crianças? Culpa do casal? Culpa do TDO? Culpa dos profissionais envolvidos. Todos na escola sabiam da fragilidade de um pacote três em um, ainda mais envolvendo transtorno tão difícil!
E nesse emaranhado, o garoto havia se adaptado bem. Não foi permitido que a adoção ocorresse apenas com ele, embora tanto ele, quanto o casal solicitassem tanto.
A lei é clara: ou se adota a família toda, ou a devolve toda para o abrigo - discrepância total entre o real e o ideal. 

9.6.13

Natureza

Ovinho da galinha idosa.
 Era geológica: fileira de pedrinhas no barranco.
 Água de uma mina logo acima. Sem resíduos industriais.
A "correção" é trilha de formigas.
 Flor exótica, esbranquiçada.
 jurubeba
 Café: inicia-se a época da "panha" (colheita).
 Erva de São João - floresce próximo à data do santo.
 Falta um bom eito para eu atingir a cabeceira do morro, e virar à direita.
 Dia querendo clarear.
 Seis da manhã - noite ainda fechada.
 Um planeta, após o por de sol.
 Jabuticabeira em botões quase florindo.
 Crepúsculo
 Carrapicho agarrado à calça.
 Pena do peru branco.
 Flor lilás.
 Estrela d'alva - na natureza, ela floresce nesta época, e o arbusto chega a três metros.
 Pendão em flor - capim.
 Sementes ainda "verdes"
 São dessa flor.
  capinzal florido.


8.6.13

Esquisitices

É comum fazermos esquisitices "das grossas", ou eu sou exceção?
A primeira da semana: desde ano passado, sei da possibilidade da ocorrência de concurso (Professor Substituto EFETIVO para a Educação Infantil).
Faço, não faço, faço. Faço? Não é para trabalhar de meia-noite às seis... Não é!
Esta bendita palavra "efetivo", na contracorrente do vocábulo "substituto" dá um tesão inexplicável  na cáfila de professoras.
As inscrições terminavam antiontem: quatro vagas iniciais (e outras que possam surgir em quatro anos). Tata-se de um jogo, pois não há espaço na agenda (o "Par" precisa de mim à tarde - prefiro pensar que sim).
Eu não estou falando de vagas para magistratura,  são vagas para professorzinho (e com salário de professor - e com responsabilidades de professor, em cuidar do maior tesouro das famílias - e com carga de trabalho caseiro de professor).
Educação infantil requer limpar bumbum, nariz, vômito, aturar berros, birras e mordidas, engolir certas mães (a minoria) estéricas, neuróticas e possessivas (que morrem de ciúmes de você - já atuei desde o cargo de "pagem" até diretora de creche, sei onde coloraria os pés).
A carga horária? Vinte e cinco horas semanais (três delas, em casa - que se transformam em sete, oito... e doze no final de cada bimestre letivo - passo por isto todo final de semana).
Tempo para estudar? Só economizando sono... mas com este friozinho "bão"? E com estes dias curtos? E sem estar tão necessitada quanto as colegas "arrimo de família"?
Me inscrevi para "desencargo de consciência" - termo tonto! A verdade é que joguei meu dinheirinho fora (da taxa de inscrição).
Prestar concurso sem se preparar, é furada faraônica. Prestar, sem tempo para aceitar o possível emprego é ESQUISITICE.
Vamos à segunda: Ontem, plena sexta-feira, vim obstinada a "correr" com a preparação de aulas da próxima semana (são três horas só nisto - organizar uma tabela com cerca de oito atividades por dia - quarenta na semana).
Mal estacionei a moto no barracão, o "Par" gritou para buscar algo no escritório contábil antes das 13 h. Fiquei grasnando, porque ele não resolveu de manhã.
Trabalhei 50 minutos, e minimizei a tabela. Ao voltar do escritório com a ordem deferida... avassaladora surpresa, tudo havia sumido! Não é que o bicho mexeu no computador e proscreveu?
Por que não salvei, se sei que ele é desastrado? Engoli e refiz, não adiantava imputar o "Par" por não salvar o documento. 

2.6.13

Cozendo

A dez dias, as chuva chegaram! e ficaram... temperatura baixa   amena, confinamento chuvoso, feriado, comilança. Nesta manhã, gastei três horas para preparar quatro pratos, contando com a limpeza do fogão, lavagem de louça e panelas ("ariei" todas - parecem espelhos).
É tão fácil (e barato) cozinhar, evito restaurantes domingueiros, com aquele povo se acotovelando e fungando na comida (a menos que eu visite as bucólicas cidades vizinhas).

Peito de frango com ervilhas congeladas. Muito melhor que as enlatadas.
Higienizei o pacotão de peito desossado, cortei em cubos e refoguei no alho e óleo até quase fritar. Salguei e acrescentei um caldo de galinha (só um cubo, que isso é meio venenoso). Coloquei melissa picadinha, o pacote de ervilhas, três tomates picados e um sachê de molho pronto. Apurei o caldo rapidinho e pus uma xícara de fibra de trigo (para engrossar).
Terei mistura guarnição para duas semanas, após congelar em potinhos. 
 Bife a rolê: para hoje e amanhã no almoço.
Comprei postas de lagarto, enrolei com uma hóstia de mortadela defumada, um bom pedaço de cenoura, outro de chuchu, e de tomate.
Foi `a pressão com sal, alho, meio cubo de caldo de carne, uma xícara de água e dois tomates picadinhos. Após chiar meia hora, desliguei. Destampei a panela após perder toda a pressão e apurei o caldinho.
Picanha: usei um pacote com cinco lascas, limpei toda a gordura, higienizei e refoguei bem, num fiozão de óleo. Acrescentei só sal e meio caldo. Após secar todo o néctar, misturei duas cebolas picadas e mexi até murchar bem. Congelei tudo (após experimentar - "bão")!

Aqui no leste paulista, carne bovina é mais cara que a suína e mais cara ainda que o frango, contudo ainda sai barato e a qualidade é ótima. Intercalo com ovos (estalados, omeletes, cozidos, mexidos), durante a semana.
 Arroz de micro-ondas: só faço assim desde 1995, quando ganhei o primeiro forno.
Dica: deixe sempre o micro aberto após usar, cerca de cinco minutos para expelir o vapor. Evita enferrujar. Perdi meu primeiro por não saber da dica, ele começou a pururucar nos cantos.
Num refratário, uma medida rasa de arroz seco, para duas de água. Lavei e escorri o arroz, acrescentei a água, uma colher (de chá) com sal e outra com alho triturado (bem cheias).
Pelas orientações de meu forno, apertei o número dois para arroz e novamente dois, para duas porções (a medida acima - um pote de margarina 250 g).
Tampa-se com aquela tampa própria, furadinha e alta, que não deixa babar. Em exatos 20 minutos está pronto, assim: essa corzinha é do alho generoso. Após 15 minutos pronto, descansando tampado, rega-se com um bom fio de óleo e cisca-se bem com um garfo, para afofar. Delícia carboidrática simples, rápida, limpa e fácil.
O feijão, eu já tenho congelado.
Faço quase um kg ( é o que cabe bem na panela), após deixar de molho, e encho diversos copinhos de requeijão, dura três semanas, pois um desses dá para duas ou três refeições, dependendo da guarnição.