Ontem, lendo o interessantíssimo blog da
Dani, me deparei com uma novidade: com a chegada da sétima criança, ela abdicou parcialmente da "escola em casa" e colocou os quatro mais velhos na escola tradicional.
Ela demonstrou ser uma mãe de mente aberta a novas possibilidades. Optou pelo equilíbrio: nem 8; nem 80... escola e família formam um bom casamento (dizem que não há casamento perfeito).
Tenho curiosidade pela modalidade educacional "educação domiciliar", comum em certos países como a Irlanda e Estados Unidos, pois praticamente não a estudei na faculdade, visto que no Brasil, é praticamente proibida.
Penso que tal proibição é antidemocrática. Oferecer às famílias um leque de opções, de acordo com regras sérias e apoio estatal, seria o mais correto.
Atualmente, apenas nas aulas de "Ensino Religioso" há opção da família permitir ou não a frequência. Existem casos de circenses, comunidades isoladas, ciganos e afins, que podem exercer uma educação maleável, contudo é exceção, não regra.
Eu morei na zona rural até os 13 anos. Era comum as famílias roceiras tentarem "blindar" as meninas, por preocupação com as coisas ruins da escola e da cidade, apesar de que a cidadezinha em questão, a 10 km daqui, tinha e tem 4 mil habitantes.
Fui a única criança de minha turma a fazer "ginásio" (na cidade), sobretudo por este motivo (mas não só). Meu pai dizia que no mundo há bem mais gente boa que ruim, e mais coisas boas que ruins.
Fato é que um mundo novo se descortinou. Passei a conviver com o filho do ex prefeito, do delegado, com menininhas pobres como eu, de muitas outras fazendas.
Venci a timidez e baixa estima, pois nós, da roça, tínhamos um pensamento arraigado de que tudo na cidade era melhor, inclusive as pessoas; na sexta série já havia estabelecido ali o meu local de querência.
No final da sétima série, estava apta a desbravar. Saía da roça toda manhãzinha para trabalhar aqui nesta outra cidade, de mais de 50 mil habitantes à época, complementando a escassa renda familiar...
Na escola, há o currículo oculto e o currículo paralelo: são as aprendizagens que ocorrem entre alunos, fora do script. São trocas de toda forma, boas e ruins, contudo as crianças aprendem mais facilmente nas trocas entre si, cheias de emoção, que nas aprendizagens formais com professores.
A principal lição que eles aprendem no espaço escolar é "como conviver" - tolerar. É desta faceta escolar que eu me lembro mais... como era bom o recreio, as "panelinhas", os cochichos durante aulas chatas!
Hoje, com o advento da escola em tempo integral, nos inúmeros cursos de capacitação, ouvimos dos especialistas que esta modalidade educacional pressupõe em partes a falência da família nesta missão.
Eles complementam o raciocínio generalizando que realmente a família mudou e já não dá conta de complementar a educação infantil integral ideal, pois os pais trabalham o dia todo.
Esta educação "ideal" compreenderia meio dia na escola, recebendo educação formal e meio dia em casa, recebendo valores familiares tradicionais e intransferíveis, como ocorria à nossa época.
Minha própria chefe ficou assustada quando soube que seu garotinho de três anos não tinha a opção de cursar maternal em meio período, estado parte do dia com a avó, julgando importante estes dois estilos de vida.
Quando cursava pedagogia, estudei a educação espartana, vista então como algo pejorativo. Estudei nesta mesma linha de pensamento, a escola chinesa, que à época ficava com as crianças de segunda-feira pela manhã até sexta-feira à tarde.
Estudei os internatos brasileiros, à época em que se vivia nas grandes fazendas, onde apenas os ricos "internavam" seus filhos numa escola rigorosa, devido às distâncias fazendas-cidades.
Atualmente, no trabalho, tem havido a busca pelo caminho inverso, como modelo ideal de qualidade de vida: ficar mais tempo com a família, trabalhar o quanto menos possível, estender o tempo livre, criar jornadas alternativas. Não parece contraditório?
E você, se lembra de coisas boas dos bancos escolares? Estudou em algum modelo escolar diferente? Já escreveu sobre suas peripécias estudantis? Gostaria de ter experimentado outra modalidade educacional? Quantas questões...